Cacau’s Weblog

Just another WordPress.com weblog

A pousada

“Vila Mariana: Próxima saída”. Dizia a placa que acabara de passar. “Preciso dormir um pouco, parece bom” pensei comigo. Pois estou dirigindo já são nove horas da noite e estou dirigindo desde as duas da tarde. Ao chegar ao pequeno vilarejo, percebi que o nome “vila” se aplica ali, era um lugar pequeno, algumas casa em volta de um prédio principal, onde se lia “Pousada Mariana”. Tudo muito quieto, apenas duas velhinhas caminhando na rua, nenhum carro nem outras pessoas.Parei em frente à pousada e percebi que as velhinhas me olharam torto, pareciam não gostar de minha presença ali. – Oi, gostaria de um quarto pra passar a noite. – Claro! Qual seu nome? Perguntou uma jovem recepcionista, jovem perto das duas velhinhas que vi ali fora, parecia ter por volta de 30 anos. – Aline Junqueira. – Bem vinda dona Aline, pode ficar no quarto 3.A moça era sorridente e parecia estar feliz por ter aparecido alguém ali, já que a cidadezinha parecia bem parada. Tomei um banho e sai para dar uma volta, combinei de ligar pra minha irmã por volta de meia-noite, era a hora que chegava do hospital onde era enfermeira, e já eram 11:30.A cidadezinha estava deserta, ninguém na rua, nem na praça, nenhum cachorro latindo, nenhum barulho, silêncio total. Parecia até assustador aquele silêncio, mas era calmante.Quando de repente escuto barulhos de passos atrás de mim, me virei mas não vi ninguém, procurei e nada. Não dei bola, deveria ser algum animal que passara correndo. Olhei no relógio, faltavam 15 minutos pra meia-noite, fiquei olhando em volta, pras casinhas pra ver se via alguém mas nada. Quando uma mão toca meu ombro, pulei num susto e me virei, vi uma senhora com cara mal humorada. – Você precisa voltar pra pousada, é quase meia-noite já! Disse a velha. – Mas porque voltar? Estou só dando uma volta. Mas ela nem me ouviu, virou as costas e saiu, tentei ir atrás dela, mas ouvi passos atrás de mim novamente, virei e não tinha ninguém, e quando me voltei pra ir atrás da velhinha, ela havia sumido, olhei em volta, mas nada, ela simplesmente desapareceu. Continuei minha caminhada, mas agora em direção à pousada, mas fui lentamente, e o silêncio agora passara a me incomodar. Novamente voltei a ouvir passos, e dessa vez mais perto de mim, olhei mas não tinha ninguém na rua, de repente ouvi como se fosse respiração atrás de mim, me virei assustada, mas não tinha ninguém, e cada vez que andava era como se estivesse me seguindo, cheguei a sentir uma respiração em meu pescoço, me arrepiei inteira e virei pra ver, mas nada, no susto cheguei a tropeçar e cair. De repente duas mãos em minha cintura tentando me levantar, mais um susto e me virei, era outra velhinha, me ajudando a levantar. – Você precisa ir para a pousada. Faltam só cinco minutos. Quando me levantei e fui falar com ela, ela havia sumido, não tem como ela ter corrido. Achei que tivesse sido imaginação por causa do sono, mas resolvi ir para a pousada logo, estava apavorada já. E continuavam aqueles passos atrás de mim, aquela respiração que me arrepiava, vindo aquele frio e medo de dentro, medo de algo que não via, mas sentia, havia alguém ali me seguindo. Chegando perto da pousada comecei a ver várias velhinhas na rua, todas me olhando. “De onde saíram essas senhoras? Só tem velhos nessa cidade?” Pensei comigo, e resolvi entrar no carro ao invés de ir pra pousada. Mas ao chegar ao meu carro vi duas velhinhas lá dentro. O carro estava trancado, como elas entraram lá?? Então corri pra dentro da pousada. – Finalmente! Achei que não chegaria a tempo.  Falou a recepcionista da pousada. – A tempo do que? – Já é meia-noite. Toma, agora é seu turno. Disse ao me entregar um molho de chaves e uma folha de papel.– O que é isso? Mas ela nem me respondeu e foi saindo, e pra meu espanto, sua fisionomia foi se transformando enquanto ela caminhava em direção à porta, ao chegar na porta ela parecia ter envelhecido uns 30 anos em segundos, bem ali na minha frente. Não acreditei no que vi. Então olhei para o que ela havia me entregado. No molho de chaves havia um chaveiro que dizia: “Pousada Aline”. E na folha de papel: “Agora você é a nova dona da pousada. O contrato é de 30 anos, sem direito a renovação.” Achei que fosse uma brincadeira, quando aparece uma mulher, aparentando ter uns 30 anos também. Ela estava toda de branco e disse. – Agora você tomará conta da pousada, há exatamente 120 anos atrás, eu fui amarrada aqui, nesse local, nessa pousada, e fui torturada e largada para morrer, por causa das minhas roupas fui acusada de ser prostituta. Então, um bando de senhoras me torturaram e me amarraram aqui pra morrer, e exatamente à meia-noite meu sofrimento se acabou. Mas desde então, ninguém pode sair dessa cidade, todos os homens morreram, e a cada 30 anos é recrutada uma nova mulher pra ficar na pousada você não pode sair daqui e terá o dever de recrutar uma nova pessoa. Você foi escolhida por ter traído seu marido na semana passada.
“Acho que vou passar a noite aqui”, pensei comigo mesma, “Vila Aline” parece ser um lugar calmo.

Fevereiro 4, 2008 Posted by | Contos terror/suspense | , , , | 5 comentários

Uma visita inesperada

Estava eu indo para minha casa após mais um dia de trabalho, era sexta-feira e como de costume fui a um barzinho com os outros advogados e pessoal do escritório. Eu ia encontrar minha noiva, mas ela me ligou de última hora desmarcando, dizendo que estava numa cidadezinha vizinha pelo trabalho, e passaria a noite lá porque não tinha como voltar, achei estranho ela não ter comentado que iria pra lá, mas tudo bem, decidi ir pra casa descansar. Mas no caminho me bateu uma sensação de que eu estava sendo vigiado, sabe aquela sensação de que tem alguém te olhando, que está atrás de você te acompanhando, você olha e não vê nada nem ninguém? Era isso que eu estava sentindo, e reparei que essa sensação estava me acompanhando o dia todo, mas nem me preocupei, “É besteira de minha cabeça, cansada do trabalho da semana!” então liguei o rádio para distrair a cabeça e parar de pensar naquela sensação estranha. Mas a sensação não passa, e estranhamente meu CD parou de tocar, e mudou pra uma estação de rádio. Achei estranho, pois meu rádio não tinha problema nenhum, e o mais estranho era que o rádio estava noticiando coisas ocorridas há um ano. Então mudei a estação e em toda estação que parei, estava tocando músicas de mais ou menos um ano atrás também, parecia que meu rádio estava sintonizado com uma freqüência vida do passado, vinda do ano anterior. Deixei assim e fui curtindo, quando começa a tocar uma música mais animada, e sinto como se tivesse alguém se mexendo no banco de trás do carro, como se estivesse dançando, e vi um vulto pelo espelhinho do carro, me assustei, olhando pra trás, mas não vi nada. Não tinha ninguém ali, apenas eu e a música já bastante tocada, pois fez sucesso essa música entre os jovens. Mas o carro parecia balançar, continuava com aquela sensação de que tinha alguém ali. Logo cheguei em casa, morava sozinho em uma casa, consideravelmente grande e confortável. E pelos acontecimentos dessa noite, esse conforto seria útil para descansar. Então fui tomar um longo banho, e quando estou terminando ouço o rádio ligar na sala, me assustei, mas pensei que fosse minha noiva que conseguiu voltar e veio me fazer uma surpresa. Me enrolei na toalha e desci para vê-la, mas quando chego na sala não vejo ninguém ali, e aquela mesma sensação de que tinha alguém ali, se mexendo, como se estivesse dançando com a música. Procurei a casa inteira, chamei e ninguém respondeu, então desliguei o rádio, pensando que pudesse ser alguma função que eu tinha ativado se saber. Mas assim que o desliguei, ouvi uma batida na mesa atrás de mim, como se alguém tivesse dado um soco na mesa, e um belo soco, o barulho foi alto e forte, um soco de raiva. Virei-me assustado, mas não tinha nada nem ninguém ali, eu estava sozinho na casa.“Pronto, estou tendo alucinações agora, preciso mesmo descansar.” Então subi pro quarto e fui dormir. Mas alguns minutos após eu ter deitado, escutei uns barulhos como se estivessem arrastando alguma coisa pelo corredor de casa, que levava ao quarto, me assustei e fui olha o que era, encostei o ouvido na porta, e sentia que, o que quer que seja, estava se aproximando do quarto, mas o barulho parou ao chegar próximo à porta. Quando desencostei o ouvido da porta para abri-la, ouvi uma batida enorme na porta, quase arrancando-a do lugar, quase cai sentado com o susto, já estava pensando em ligar pra polícia, deveria ter alguém na casa, e foi quando comecei a ouvir gritos abafados e gemidos na sala, abri a porta lentamente pra ver o que acontecia, mas não vi nada, e o barulho persistia, gemidos de dor, gritinhos abafados de sofrimento. Entrei pro quarto e me deitei, “Isso é alucinação, eu estou muito cansado, é isso, vou dormir e tudo passará”. Mas esses barulhos continuaram por horas, quando pararam, mas a pausa durou apenas alguns minutos, logo ouvi novamente o barulho de arrastar, mas logo depois ouvi um grito aterrador, um grito de dor, ódio e angústia, tudo misturado, um que me fez arrepiar da cabeça aos pés, e nesse momento olhei para o relógio, eram 2h da manhã, e junto com o grito, comecei a sentir um cheiro horrível de algo queimando, parecia carne queimando, mas não era bife ou carne de churrasco, era um cheiro horrível de sebo, de carne, de cabelo, tudo misturado, um odor que me causou ânsia de vomito. Os barulhos logo pararam, mas o odor permaneceu na casa a noite toda, mal dormi, apenas cochilava e logo acordava assustado. Pela manhã me levantei, estava tudo calmo, nenhum barulho na casa, nenhum odor estranho nada, tomei um banho e fui tomar café, foi quando minha noiva me ligou reclamando que eu não tinha ido encontrá-la, ela disse que não tinha me ligado coisa nenhuma, e que na verdade tentou me ligar a noite toda, mas eu não atendia. Achei estranho e disse que passaria na casa dela a tarde. Então algo no jornal quase me faz cair de costas, fiquei parado olhando a notícia que dizia. “Hoje faz um ano da morte de Juliana, um crime bárbaro, onde essa jovem foi arrastada pelos cabelos em um canavial, violentada e jogada pra ser queimada viva, ao que se sabe, foi exatamente as 2h da manhã quando ela foi jogada no fogo que queimava a cana para a colheita no dia seguinte, e apesar de machucada ela estava viva e consciente. E seus assassinos conseguiram pena mínima, pois seu advogado havia conseguido desmerecer os testemunhos dos cortadores de cana que testemunharam e tentaram salvar a garota do fogo.”Esse advogado era eu.

Fevereiro 1, 2008 Posted by | Contos terror/suspense | , , | 2 comentários